Em resposta ao que o presidente norte-americano chamou de “falta de reciprocidade nas relações comerciais bilaterais”, Donald Trump anunciou a implementação de uma série de novas tarifas alfandegárias sobre as importações destinadas ao mercado americano.
De acordo com o governo norte-americano, Angola tem aplicado tarifas elevadas sobre os produtos norte-americanos, fixadas em 63%, empregando práticas de manipulação da taxa de câmbio e barreiras comerciais.
A relação comercial entre Angola e os Estados Unidos, ao longo da última década, tem sido marcada por uma considerável retracção. A administração republicana de Donald Trump, em um contexto de crescente proteccionismo e tensões comerciais, impôs tarifas recíprocas de 32% sobre os produtos provenientes de Angola, como parte de uma estratégia de retaliação diante das políticas comerciais e cambiais adoptadas por Luanda.
Na última década, tem-se observado uma queda nas importações de Angola provenientes dos Estados Unidos, que podem vir a experimentar níveis mais acentuados com a nova política tarifária da Casa Branca.
Entre 2012 e 2024, as importações angolanas oriundas do mercado norte-americano registaram uma média anual de US$ 985,30 milhões. Esta trajectória apresenta um declínio significativo quando comparados com os extremos do período em análise. Em 2012, o volume total das importações angolanas dos EUA situava-se em US$ 1,292 mil milhões, valor que, em 2024, se reduziu para US$ 635,78 milhões, representando uma queda acumulada de 51%.
A medida estabelece uma taxa base de 10% sobre todos os bens importados, com uma escalada considerável nas tarifas para os principais parceiros comerciais dos Estados Unidos. A China, em particular, será uma das economias mais impactadas, com uma sobretaxa de 34% somada aos 20% já aplicados, resultando em um total de 54% de tarifa sobre seus produtos exportados para os Estados Unidos. A União Europeia enfrentará uma sobretaxa de 20%, enquanto o Vietnã terá uma carga ainda mais elevada, com 46% de sobretaxa. O Japão verá um aumento de 24%, a Índia de 26% e a Suíça de 31%.
“As barreiras não tarifárias incluem as políticas e práticas económicas domésticas de nossos parceiros comerciais, incluindo práticas cambiais e impostos sobre valor agregado e suas distorções de mercado associadas, que suprimem o consumo doméstico e impulsionam as exportações para os Estados Unidos. Essa falta de reciprocidade é aparente no facto de que a participação do consumo no Produto Interno Bruto (PIB) nos Estados Unidos é de cerca de 68%, mas é muito menor em outros países como Irlanda (27%), Cingapura (31%), China (39%), Coreia do Sul (49%) e Alemanha (50%)”, declarou Donald Trump.