Trump não poderia ter sido mais claro na sua intenção de descontinuar o mandato do presidente da Reserva Federal norte-americana. “É altura de o mandato de Powell terminar”, escreveu o Presidente dos Estados Unidos na sua rede social, a Truth Social.
Foi na tarde de ontem, prenúncio de Sexta-feira Santa, que Donald Trump lançou uma série de ataques contra Jerome Powel, acusando o responsável máximo do banco central norte-americano de “fazer política” ao não cortar as taxas de juros, garantindo que tinha o poder de o remover do cargo “muito rapidamente”.
As declarações de Trump reacenderam automaticamente a sensibilidade dos mercados, uma vez que uma eventual remoção de Powel pode colocar em risco até a autonomia do banco central.
A razão da fúria de Trump é uma resposta ao discurso de Powell no Clube Económico de Chicago (ECC, em inglês), na quarta-feira (16), onde o presidente da Fed falou sobre inflação e emprego, reiterando que os responsáveis do banco central não têm pressa para alterar as taxas de juro de referência, num momento em que procuram maiores certezas sobre como as políticas económicas da administração da Casa Branca iriam afectar a economia norte-americana.
Embora a independência do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) é garantida pela Constituição dos Estados Unidos, o seu presidente pode ser demitido pelo presidente dos EUA por “justa causa”.
Entretanto, Jerome Powell já garantiu que não renunciaria caso Donald Trump pedisse seu cargo. Vale a pena anotar o esforço, mas as declarações de Powel de nada servem para tranquilizar uma eventual volatilidade nos activos dos mercados.
Elizabeth Warren, uma senadora democrata de Massachusetts, não tem dúvida: “Se Powell ser demitido pelo presidente, isso causará um colapso nos mercados dos Estados Unidos”, comentou a senhora em entrevista na CNBC, o canal de notícias dedicado ao mundo dos negócios.
Warren apresenta como tese o facto de a “infraestrutura” que sustenta o mercado de acções na maior economia do planeta se reflectir na “ideia de que as grandes peças se movem independentemente da política”.
A democrata termina dizendo que se as principais alavancas económicas estiverem “sujeitas a um presidente que só quer acenar com a sua varinha mágica”, então os Estados Unidos será comparado a “qualquer outra ditadura do mundo”.