O ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair foi a grande estrela da primeira edição do CNC Global Voices, evento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo na segunda-feira (25) no Palácio Tangará, em São Paulo. Durante o encontro com empresários, Blair propôs reflexões sobre a necessidade de educação para a revolução tecnológica e discorreu sobre o papel das reformas estruturais. Em uma mesa ao lado do ex-presidente Michel Temer, o britânico afirmou para a plateia formada por grandes empresários que “a política acaba sendo um obstáculo para o trabalho”.
“A maioria das pessoas não está interessada neste debate entre esquerda e direita, somente quer ter uma vida melhor”, afirmou o ex-ministro, que hoje, aos 71 anos, está à frente da ONG Tony Blair Institute for Global Change. Durante o painel “Segurança jurídica e perspectivas nacionais e internacionais”, o britânico lembrou as reformas que fez no seu governo, entre 1997 e 2007. “Nenhuma das reformas que implementei me fez popular”, declarou Tony Blair.
O ex-primeiro-ministro falou sobre as dificuldades encontradas por seu governo durante as muitas reformas que tentou implementar, como na saúde e na educação, que sofreram muitas resistências. “Causar mudanças é muito difícil”, declarou ele.
Ainda sobre as reformas, salientou que elas devem ser vistas sob a ótica de quem é diretamente impactado. “Na educação, tem que se pensar com a cabeça dos pais, não dos políticos. Na saúde, é preciso pensar nos pacientes”, exemplificou o britânico.
No encontro promovido pela CNC, Blair afirmou que o setor de micro e pequenas empresas é muito importante para o país e defendeu que o governo precisa criar um contexto de negócios previsível. “Cada vez mais as pessoas querem abrir os seus próprios negócios, serem autônomas. Precisamos de um ambiente em que as pessoas se sintam seguras para abrir uma empresa e prosperar”, ressaltou ele. “O governo não cria empregos, quem os cria são as empresas. O governo não pode ser um obstáculo”, completou o britânico.
O ex-primeiro-ministro destacou o papel da educação para a revolução tecnológica que está em curso. Para ele, não há outra possibilidade de evolução para as empresas e para a sociedade que não seja pela tecnologia. Nesse sentido, salientou que é preciso instruir as pessoas a se adaptar às mudanças que ocorrem a todo momento. ““Não podemos ter uma situação em que só a elite é instruída e a grande parcela da população não recebe educação de qualidade”, afirmou o britânico.
PRODUTIVIDADE
De acordo com Blair, a resposta da produtividade das empresas está na tecnologia. “Qualquer empresa vai ter que usar a inteligência artificial”, declarou ele, destacando o potencial de sua utilização, por exemplo, na saúde preventiva. “Essas tecnologias são assustadoras, mas, ao mesmo tempo, muito importantes”, completou.
Blair também falou sobre o “enorme potencial do Brasil”, com sua riqueza de recursos, agricultura pujante e sua indústria do turismo, “apesar dos problemas macroeconômicos”. Em relação aos desafios fiscais do país, ressaltou ser “alta” a dívida. Porém, quando comparada à de outros países da Europa, “não é” tanto.
Presidente da CNC abre encontro: “oportunidade única”
José Roberto Tadros, presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, abriu os trabalhos do CNC Global Voices na terça-feira projetando “um encontro rico de informações e compartilhamentos de experiências úteis”. Segundo Tadros, o evento é uma oportunidade única para promover discussões que impactam o dia a dia dos empresários, abordando questões essenciais para o futuro do setor.