A política inglesa tem, nos últimos três anos, conhecido dias menos bons. Depois das polémicas que deixaram cair o governo de Alexander Boris Johnson, em 2022, o país nunca mais teve uma administração estável.
Boris Johnson, que assumiu as rédeas do país em 2019, ainda conseguiu completar quatro anos como inquilino da porta número 10 Downing Street, mas a sua substituta, Liz Truss, que entra para história como a terceira mulher a assumir o cargo de primeira-ministra, durou apenas um mês e 19 dias, ou seja, seu governo entrou em funções a 6 de Setembro de 2022 e caiu a 25 de Outubro do mesmo ano.
Rishi Sunak foi o homem que se seguiu. Em três anos, os ingleses deram-lhe um “cartão velho”, sobretudo pela estagnação do sector de serviços, pelas quedas dos sectores da produção e da construção, e, em consequência, pelo recuo do Produto Interno Bruto.
Entretanto, viu-se forçado a convocar eleições antecipadas, as quais acabou por perder largamente, tendo conseguido eleger apenas 121 deputados para um Parlamento composto por 650 assentos. Os Trabalhistas de Keir Starmer passam a ocupar 412 assentos parlamentares.
E foi na sequência dessa equação eleitoral que Keir Starmer deslocou-se nesta sexta-feira, 05, ao Palácio de Buckingham, onde o Rei Carlos III o indigitou primeiro-ministro.
Assim, Keir Starmer faz história como o terceiro primeiro-ministro britânico em apenas três anos, e de ser o responsável pelo regresso dos Trabalhistas ao poder 14 anos depois.
Após sair da imponente habitação do monarca Carlos III, o novo primeiro-ministro apelou para que os esforços de seu antecessor, Rishi Sunak, não sejam subestimados, e prometeu governar para todos
“Acabo de voltar do Palácio de Buckingham, onde aceitei um convite de sua majestade o Rei para formar o próximo governo desta grande nação. Quero agradecer ao primeiro-ministro cessante, Rishi Sunak. O seu feito como primeiro primeiro-ministro britânico asiático do nosso país, o esforço extra que isso terá exigido não deve ser subestimado. Mas agora nosso país votou decisivamente pela mudança, pela renovação nacional e pelo retorno da política ao serviço público”, disse Keir Starmer, e acrescentou: “meu governo servirá a vocês. A política pode ser uma força para o bem. Vamos mostrar isso. Mudamos o Partido Trabalhista, voltamos ao serviço. E é assim que vamos governar. País primeiro, partido segundo”, sublinhou.
Por sua vez, Rishi Sunak reconheceu a derrota logo pela primeira hora, pediu desculpas aos seus companheiros do partido (os Conservadores) e apresentou sua demissão como líder da organização.
