O clima económico deverá continuar a ser pressionado pelos desafios macroeconómicos, fundamentalmente a taxa de inflação, a manutenção das incertezas sobre a estabilidade da taxa de câmbio e acesso às divisas e a tendência de queda do preço do barril de petróleo nos mercados internacionais.
Os economistas do BMA prevêem que a economia angolana cresça 2,2% em 2024, naquela que é uma previsão menos optimista em relação às divulgadas pelo Governo, que apontam para um crescimento de 2,84%, assim como instituições internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial que perspetivam um crescimento de 3,3% e 2,8%, respectivamente.
No documento, que contém 46 páginas, lê-se que os sectores como Petróleo, Telecomunicações, Administração Pública, Banca e Seguros ainda não conseguiram recuperar os níveis de produção de 2014, desafio que deverá manter-se em 2024.
Em substituição está o sector não petrolífero que, nos últimos 10 anos, tem demonstrado sinais de recuperação, com destaque para os sectores de Energia e Água, Pesca e Transportes.
Na expectativa dos analistas da instituição financeira, o sector da Energia e Água continuará a crescer acima dos 4%, beneficiando da conclusão de projectos estruturantes de energia solar. No sector agropecuário, em 2024, as perspectivas apontam para um crescimento acima dos 6,6%, apurados em 2023, beneficiando do incremento do crédito ao sector e dos incentivos fiscais.
Poder-se-á assistir ao mesmo desempenho no sector dos Transportes que deverá voltar a registar crescimento em 2024, influenciado pela perspectiva de operacionalização do novo Aeroporto Internacional, o aprofundamento dos investimentos no Corredor do Lobito e a aquisição de novas aeronaves para a TAAG.
Por outro lado, para este ano, o consumo privado poderá registar crescimento real de 2,62% em 2024, acima do crescimento de 1,44% estimado para 2023 e reafirmar a sua posição como o principal indutor de crescimento do PIB. O rendimento disponível das famílias das classes de rendimento mais baixo deverá registar aumento, o que se deverá traduzir em mais consumo.
Relativamente ao consumo público, a perspectiva do banco é de uma contracção em 9,96%, facto que deverá contribuir negativamente com 1,11 p.p. para o crescimento previsto de 2,19%.
Quando analisada a participação do consumo público no PIB estimado, apurou-se uma redução ao passar de 11,43% do PIB em 2023 para 9,89% em 2024 e longe dos 27,45% registados em 2014.
A taxa de inflação deverá acelerar para perto de 24% em 2024, muito por conta dos desafios da oferta interna, da introdução de medidas aduaneiras mais restritivas à importação e das indicações da manutenção do programa de redução dos subsídios aos combustíveis.
No domínio das exportações, prevê-se uma queda que se poderá fixar em US$ 29 mil milhões face US$ 35 mil milhões, muito sustentada pela evolução negativa do preço do petróleo que se fixará em termos médios em 65,59 USD/barril abaixo dos 81 USD/barril estimados para 2023.
No domínio das importações, a projecção dos analistas é de novas reduções para perto de US$ 21 mil milhões de dólares, muito por conta da redução das disponibilidades de divisas e da introdução de medidas restritivas às importações de bens e serviço.