Opinião

Angola: sustentabilidade como pilar do futuro

Tatiana Sales Vale

PhD em Interior Design

17 Outubro, 2024 - 16:34

17 Outubro, 2024 - 16:34

Tatiana Sales Vale

PhD em Interior Design

Angola, enquanto uma das economias emergentes do continente africano, tem enfrentado desafios e oportunidades significativas no contexto da diversificação económica. O sector da construção, incluindo a arquitectura e o design de interiores, tem desempenhado um papel crucial neste processo de desenvolvimento, oferecendo soluções que conjugam eficiência, sustentabilidade e a valorização da identidade cultural angolana.

Este artigo examina como estes sectores contribuem para o fortalecimento da sua economia e para a promoção de um crescimento sustentável e inclusivo.

Arquitectura e design de interiores

A expansão urbana, impulsionada pelo crescimento demográfico e pela urbanização acelerada, tem gerado uma procura crescente por infra-estruturas modernas e funcionais. A arquitectura e o design de interiores assumem-se como vectores fundamentais para atender a esta demanda, oferecendo soluções inovadoras que optimizam o uso de recursos e promovem a eficiência energética.

A implementação de conceitos arquitectónicos que integram novas tecnologias, como a construção modular e a utilização de materiais locais sustentáveis, tem o potencial de reduzir custos de construção e operação, aumentando a competitividade do mercado imobiliário. O desenvolvimento de projectos de grande escala, especialmente nas áreas urbanas, requer uma visão integrada que equilibre a estética com a funcionalidade, ao mesmo tempo que considera o impacto ambiental e os custos de manutenção a longo prazo.

O sector privado, particularmente no ramo imobiliário, tem beneficiado de uma abordagem mais estratégica por parte dos arquitectos e designers angolanos, que estão a adoptar práticas de design baseadas em modelos de eficiência operacional e inovação tecnológica. Estes factores são essenciais para atrair investimento estrangeiro e local, fortalecendo assim o papel do design e da arquitectura como motores de crescimento económico.

A sustentabilidade ambiental é uma questão prioritária no desenvolvimento de infra-estruturas em Angola, sobretudo face aos desafios climáticos e ao elevado consumo energético nas grandes áreas urbanas. A incorporação de práticas de design sustentável, como a utilização de fontes de energia renovável (e.g., painéis solares) e sistemas de captação de água da chuva, já começou a ganhar tração no mercado angolano, sendo vista não apenas como uma necessidade ambiental, mas também como uma vantagem económica a longo prazo.

O uso de materiais locais, como a madeira e a pedra, além de fomentar a economia regional, reduz significativamente os custos associados à importação de materiais de construção. A exploração racional dos recursos naturais e a adopção de tecnologias de construção sustentáveis contribuem para a criação de edifícios mais eficientes em termos energéticos, o que, por sua vez, reduz os custos operacionais e melhora o retorno sobre o investimento.

Identidade cultural angolana

Num mercado em crescimento, onde o desenvolvimento de infra-estruturas modernas se cruza com a rica herança cultural do país, o design de interiores e a arquitectura têm a oportunidade única de reflectir a identidade nacional. A integração de elementos tradicionais angolanos nos projectos arquitectónicos contemporâneos tem se mostrado uma estratégia eficaz para criar um equilíbrio entre a modernidade e as raízes culturais do país.

Arquitectos e designers angolanos estão a incorporar referências culturais em projectos de design, utilizando materiais e símbolos que ecoam a história e a cultura. Esta abordagem não só acrescenta valor estético, mas também enriquece a experiência dos utilizadores e fortalece a identidade do país no panorama global. A produção local de mobiliário e peças de decoração com inspiração na cultura angolana tem o potencial de dinamizar a economia criativa e fortalecer a cadeia de valor da indústria nacional.

Além disso, a promoção de projectos que valorizam a cultura angolana permite que o país se afirme no cenário internacional, atraindo turistas e investidores que procuram autenticidade e inovação. A combinação de tradição e modernidade no design de interiores e na arquitectura pode, portanto, transformar-se num forte activo económico e cultural para Angola.

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