A nostalgia pelos tempos das “Vacas Gordas” ainda ressoa entre os empresários, enquanto buscam, de forma hesitante, uma recuperação sustentável. No entanto, o cenário actual apresenta desafios económicos e fiscais que não apenas dificultam o avanço mas também empurram muitos para uma situação ainda mais delicada que lamentam, em meio ao desespero, ao “Azar da Belita Económica”.
A escalada da inflação, a volatilidade cambial e a fiscalização rigorosa dos órgãos competentes configuram os pilares de uma estrutura que vem sufocando inúmeras empresas, já fragilizadas pela pressão económica e a redução do consumo, enfrentam a carga tributária um factor adicional de risco à continuidade operacional.
Por conseguinte, a crescente dificuldade de honra das obrigações fiscais em um ambiente de margens comprimidas e custos crescentes tem acelerado o encerramento de negócios, especialmente entre pequenos e médios empreendimentos. A Administração Geral Tributária (AGT), muitas vezes vista como a madrasta dos empresários, tem intensificado as suas fiscalizações de forma rigorosa, aliada a multas pesadas e critérios burocráticos, essa postura, embora justificada pelo desejo de aumentar as receitas do Estado e reposição da legalidade fiscal, muitas vezes tem ignorado a realidade das empresas que enfrentam dificuldades económicas severas, muitas delas clamam por um perdão fiscal que poderia aliviar o peso da crise.
Em face disso, temos o Banco Nacional de Angola (BNA) que, na sua tentativa de controlar a inflação, com a sua taxa de juro directora, tem impactado significativamente nas decisões de Investimento por parte das empresas, pois, com taxas de juros elevados, os custos de financiamento tornam-se proibitivos para pequenos e médios empresários, levando muitos à insolvência. Além disso, a oscilação cambial, embora sob aparente controlo, tem prejudicado empresas que dependem de simultaneidade (empresas que precisam comprar ou vender produtos e serviços no exterior), uma vez que o acesso à moeda estrangeira continua limitado e caro.
A conjunção desses factores – inflação, fiscalizações severas, juros altos e oscilação cambial – forma uma “pirâmide do desespero”, que contribui para o declínio das empresas. É imperioso, uma reflexão profunda sobre as políticas económicas e fiscais e um olhar mais sensível para as dificuldades dos empresários, para garantir um ambiente favorável à recuperação e à sustentabilidade dos negócios em Angola.