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A ascensão da China e o colapso norte-americano nas exportações mundiais

Bernardo Bunga

4 Dezembro, 2024 - 11:13

Bernardo Bunga

4 Dezembro, 2024 - 11:13

A hegemonia do "dragão vermelho" como maior exportador mundial decorre de décadas de reformas económicas, iniciadas com a política de abertura na década de 1980. O gigante asiático transformou-se em um centro manufatureiro mundial, beneficiando-se de uma vasta força de trabalho de baixo custo, investimentos em infraestruturas e políticas industriais direccionadas. A adesão à OMC, em 2001, consolidou o ponto de viragem

Dados compilados pelo Statista, uma plataforma alemã especializada na colecta e visualização de informações estatísticas, dão conta que o cenário do comércio internacional, em 2000, posicionava os Estados Unidos da América (EUA) como o principal exportador mundial, com um volume de exportações atingindo US$ 782 biliões. Esse montante superava em US$ 533 biliões o desempenho da China, que, à época, ocupava a sétima posição, com um total de US$ 249 biliões em exportações.

A supremacia norte-americana era acompanhada por outros líderes comerciais, como a Alemanha (segunda colocada, com US$ 552 biliões), o Japão (US$ 479 biliões), a França (US$ 328 biliões), o Reino Unido (US$ 283 biliões) e o Canadá (US$ 277 biliões).

Esse quadro demonstrava um domínio das economias ocidentais e industrializadas, enquanto a China, ainda emergente no cenário comercial internacional, começava a traçar o caminho que a levaria, nas duas décadas subsequentes, à liderança exportadora mundial.

Transcorridas duas décadas e três anos (2000-2023), o panorama do comércio internacional testemunhou uma reconfiguração paradigmática, com a China emergindo como a principal potência exportadora global em 2023. Nesse ano, o volume de exportações chinesas alcançou impressionantes US$ 3,4 trilhões, um crescimento exponencial em relação aos US$ 249 bilhões registados no ano 2000.

Esse avanço reposicionou os EUA para a segunda posição no ranking dos maiores exportadores no mercado internacional, marcando o fim de sua histórica de hegemonia nesse domínio.

Segundo Felix Richter, jornalista de dados do Statista, “a transformação da China em um centro global de manufactura e o maior exportador do mundo decorre de uma combinação de factores, incluindo mão-de-obra abundante, políticas governamentais favoráveis e vastos investimentos em infraestruturas”.

Richter destaca, ainda, a adesão da China à Organização Mundial do Comércio em 2001, momento que “marca o ponto de partida da corrida do país para se tornar parte integrante das cadeias de suprimentos globais, fornecendo matérias-primas e produtos acabados para o resto do mundo a custos competitivos”.

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Bernardo Bunga

EDITOR DE ECONOMIA & OIL

Bernardo Bunga é Editor de Economia & Oil no O Telegrama e possui mais de 5 anos de experiência em análise económica e planeamento financeiro. Licenciado em Economia pela Universidade Católica de Angola (UCAN), detém, também, o bacharel em Gestão Financeira pela Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto (UAN). Fez parte da equipa de consultores que prestou consultoria ao Banco Mundial, ao Ministério do Planeamento e ao Ministério das Finanças para a harmonização de salários e subsídios dos projectos da representação em Angola do Banco Mundial. Actuou como consultor na Global Education e na Knowledge – Consultores & Auditores. Possui formações em planeamento e estratégia de tomada de decisão, teoria das restrições – Lean e Six Sigma (TLS), Excel Avançado e Análise de Dados.

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