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Embaixador chinês em Angola contrapõe visita de Biden

Nelson Francisco Sul

5 Dezembro, 2024 - 22:46

Nelson Francisco Sul

5 Dezembro, 2024 - 22:46

O endividamento angolano para com o gigante asiático ronda os US$ 2,62 mil milhões, de acordo com a informação financeira extraída no relatório de execução do terceiro trimestre do Orçamento Geral do Estado (OGE) 2024. Estes números revelam a importância e influência do “dragão vermelho” nas finanças públicas de Angola, com o embaixador Zhang Bin a dar sinais de que o seu país não pretende abrir mão do seu parceiro fundamental para presença chinesa em África

Em meio a ofensiva diplomática do presidente cessante norte-americano no estreitamento das relações comerciais Estados Unidos e Angola, o embaixador chinês acreditado em Luanda, Zhang Bin, promove um encontro, na manhã desta sexta-feira (6), na Universidade Gregório Semedo, onde irá presidir a um seminário temático “Visitar e Conhecer a China”.

Neste encontro, relata fonte diplomática, Bin fará uma incursão sobre a Iniciativa do Cinturão e Rota da China, também conhecida por One Belt One Road, lançada em 2013 pelo presidente Xi Jinping, que é um dos maiores projectos de investimento em infra-estrutura da história moderna, visando conectar a China e os países da Ásia, África e Europa por meio de construção de uma rede massiva de estradas, ferrovias, portos e outras infra-estruturas.

Desde o início das relações diplomáticas e comerciais com Angola, há 41 anos, que o volume acumulado de investimento de empresas chinesas ultrapassou os 24 mil milhões de dólares norte-americanos, segundo o mais alto signatário de Pequim.

Principal credor do país, desde o fim do conflito armado em 2002, parte do investimento do dragão vermelho serviu para a construção e requalificação do Caminho-de-Ferro do Lobito, o principal impulsionador do Corredor do Lobito, razão do apetite das potências mundiais, como os Estados Unidos da América (EUA), que, através do Presidente Joe Biden, acabam de anunciar um empréstimo directo de US$ 553 milhões para a Lobito Atlantic Railway durante sua visita ao País, um incremento ao acordo de financiamento de US$ 1,3 mil milhões, assinado em Dallas, no dia 7 de Maio, à margem da Cimeira Empresarial EUA-África do Conselho Corporativo para a África.

Um despertar que parece tardio, mas a tempo para contrapor a influência chinesa em Angola e, sobretudo, na região da África Subsaariana. Não há garantias, porém o mais provável é que o governo Trump irá manter o curso. Do lado da China, não há indícios de arrefecimento. Em Setembro, após ter considerado os laços entre os dois países como a base fundamental da sua presença no continente africano, o embaixador Zhang Bin anunciou, para os próximos três anos, um apoio financeiro na ordem de US$ 51,348 mil milhões. Bin não clarificou se Luanda beneficiará da nova tranche que Pequim vai destinar ao continente.

De acordo com o relatório de execução do Orçamento Geral do Estado (OGE) referente ao IIIº trimestre de 2024, a dívida de Angola para com a China está estimada em US$ 2,62 mil milhões.

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Nelson Francisco Sul

Director

Nasceu em Benguela, cursou Direito, mas apaixonou-se pelo Jornalismo. Desde então, esteve sempre inclinado em jornalismo político e investigativo. Foi correspondente na Deutsche Welle, emissora internacional da Alemanha, e no Expresso, o principal jornal de informação generalista de Portugal. Em Angola, conta com passagens em diversos órgãos, destacando o extinto Semanário Angolense e o jornal económico Expansão. Até fundar o O Telegrama, Nelson prestou consultoria em duas agências britânicas de classificação de risco de crédito e de risco reputacional de negócios.

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