Se há uma palavra que hoje ecoa em conversas de negócios, políticas e económicas em Angola é “transparência”. A entrada do país na lista cinzenta do GAFI (Grupo de Acção Financeira Internacional) trouxe à tona um alerta que já pairava no horizonte: a urgência de alinhar processos, corrigir práticas e elevar os padrões de compliance e gestão de risco.
No entanto, a lição não é apenas para as grandes instituições ou para os recém-nomeados obrigados a apresentar declarações de bens; ela aplica-se a qualquer organização que aspire a prosperar num mercado competitivo.
Este não é apenas um chamado à transparência institucional – é um desafio para empresas, gestores e profissionais repensarem a relação que têm com os seus clientes e o impacto das suas práticas no ambiente de negócios. Porque, no final do dia, o cliente, seja ele uma pessoa física ou uma organização, é quem paga o preço de uma gestão deficiente ou de uma estrutura opaca.
Em tempos de maior escrutínio global, compliance deixou de ser uma questão opcional para as empresas angolanas.
Num mercado em que 59% dos consumidores abandonam uma marca após uma experiência negativa, como apontam estudos internacionais, o impacto da falta de processos claros vai além de multas ou sanções – ele mina a confiança do cliente.
Quando falamos de compliance, estamos a falar de algo que não pode ser apenas um conjunto de políticas internas; deve ser um reflexo prático de como tratamos quem confia em nós. Desde a clareza na comunicação de produtos financeiros até à simplicidade na resolução de problemas, cada ponto de contacto com o cliente deve estar alinhado com a integridade e o respeito.
A entrada na lista cinzenta não é só um reflexo de problemas sistémicos; ela evidencia uma falha generalizada na gestão de riscos. Para as empresas, a lição é clara: quem não mede não gere.
A gestão de risco não deve ser vista como um processo estático. É um ciclo contínuo que exige mapeamento de vulnerabilidades, análise de impactos e, principalmente, acções preventivas. Quando as empresas falham em prever riscos – seja na entrega de um serviço ou na adaptação às mudanças regulatórias – colocam os seus clientes e parceiros numa posição vulnerável. E quem suporta as consequências? Sempre o cliente.
Enquanto muitos encaram compliance e gestão de risco como processos burocráticos, há uma oportunidade enorme em usá-los como alicerces para melhorar a experiência do cliente. Pense nisto: numa Angola que luta por mais transparência e práticas globais, a empresa que simplifica processos, comunica com clareza e resolve problemas ganha a fidelidade do cliente.
Transparência não é só uma obrigação legal; é um acto de respeito ao cliente. A simplificação de processos, desde a compra de um produto até à resolução de um problema, é hoje um dos maiores diferenciais. Estudos mostram que clientes estão 4,5 vezes mais inclinados a confiar em marcas que são transparentes sobre os seus processos. Em Angola, onde muitos consumidores ainda enfrentam desafios com serviços ineficazes, a oportunidade de liderar com transparência é gigantesca.
A exigência de que recém-nomeados do governo apresentem declarações de bens envia uma mensagem clara: práticas opacas já não têm lugar num sistema que aspira a mudanças estruturais. Para o sector privado, o recado é o mesmo. Empresas que não adoptarem uma postura proactiva em relação à transparência e ao compliance correm o risco de serem ultrapassadas.
Mais do que nunca, o foco no cliente deve ser a bússola. Compliance e gestão de risco, quando bem implementados, não são apenas instrumentos de protecção legal; são oportunidades de criar confiança, melhorar processos e oferecer uma experiência mais fluida ao cliente.
Angola vive um momento de transição, e momentos assim trazem desafios, mas também oportunidades. A entrada na lista cinzenta e a exigência de maior transparência nos actos públicos são alertas para que empresas e profissionais façam o mesmo: alinhar-se com padrões mais elevados e colocar o cliente no centro de cada decisão.
Porque, no final, meus amigos, quem lidera com clareza, transparência e foco no cliente não apenas sobrevive – próspera.
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