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Fitch reitera cotação de Angola e estima que dívida pública melhore

Bernardo Bunga

18 Dezembro, 2024 - 07:10

Bernardo Bunga

18 Dezembro, 2024 - 07:10

Consultora projecta uma redução progressiva do rácio da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), passando de 63,9% em 2024 para 58,6% em 2026. Esta previsão reflecte o impacto de factores estruturais e conjunturais, incluindo a consolidação fiscal, o crescimento nominal do PIB e a manutenção de excedentes primários

A agência de classificação de risco Fitch Ratings reiterou o rating ‘B-‘ de Angola, que vigora desde o dia 15 de Dezembro de 2023, considerando uma perspectiva estável. Em Junho, a consultora manteve a mesma cotação que indica uma qualidade de crédito especulativa, com maior risco associado em comparação com investimentos mais seguros. Esta classificação significa que o emissor tem uma capacidade relativamente fraca em cumprir com suas obrigações financeiras, embora a possibilidade de inadimplência ainda seja considerada improvável no curto prazo.

O “B-” está abaixo do nível de “BBB” e sugere uma maior sensibilidade a condições económicas adversas, como fluctuações nos preços das commodities, mudanças nas políticas fiscais ou choques financeiros externos.

A análise da consultora considera que o Rating de Inadimplência do Emissor (IDRs-Issuer Default Rating) de Angola é fundamentado pelos indicadores fracos de governança, alta inflação, altos níveis de dívida pública, dominada em moeda estrangeira e um dos mais altos níveis de dependência de commodities entre os soberanos classificados pela Fitch. Estes são contrabalançados por elevadas reservas internacionais em relação aos pares, excedentes da balança corrente e riscos de reembolso da dívida administráveis devido a uma conjuntura de preços do petróleo ainda favorável.

A perspectiva apresentada pela Fitch Ratings, na última sexta-feira (13), antecipa que Angola continuará a apresentar excedentes correntes nos próximos anos, estimados em 6% do PIB em 2024 e 1,3% em 2025, após um valor de 3,8% registado em 2023.

Em relação ao rácio dívida pública/PIB, a agência prevê uma redução significativa de projecções de 73,7% no final de 2023 para 63,9% em 2024 e 58,6% em 2026. Esta trajectória descendente será sustentada por um robusto crescimento nominal do PIB e pela manutenção de excedentes primários, os quais deverão compensar os efeitos adversos da depreciação cambial sobre a dívida externa, que representa cerca de 70% do total da dívida pública.

Também foram previstos que as amortizações externas de Angola permanecerão altas, em torno de US$ 6,2 biliões em 2025 e US$ 5,4 biliões em 2026. Destacando que esses pagamentos serão financiados por receitas petrolíferas, empréstimos multilaterais e garantias com petróleo. A agência também espera uma melhoria no acesso de Angola ao mercado externo devido à flexibilização monetária nos EUA e na zona do euro.

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Bernardo Bunga

EDITOR DE ECONOMIA & OIL

Bernardo Bunga é Editor de Economia & Oil no O Telegrama e possui mais de 5 anos de experiência em análise económica e planeamento financeiro. Licenciado em Economia pela Universidade Católica de Angola (UCAN), detém, também, o bacharel em Gestão Financeira pela Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto (UAN). Fez parte da equipa de consultores que prestou consultoria ao Banco Mundial, ao Ministério do Planeamento e ao Ministério das Finanças para a harmonização de salários e subsídios dos projectos da representação em Angola do Banco Mundial. Actuou como consultor na Global Education e na Knowledge – Consultores & Auditores. Possui formações em planeamento e estratégia de tomada de decisão, teoria das restrições – Lean e Six Sigma (TLS), Excel Avançado e Análise de Dados.

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