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Angola: Ascensão e decadência da dívida chinesa

Bernardo Bunga

28 Janeiro, 2025 - 22:35

Bernardo Bunga

28 Janeiro, 2025 - 22:35

Desde o primeiro ano de governação de João Lourenço, a trajectória da dívida com o “Dragão Vermelho” tem apresentado sinais de desaceleração, sinalizando uma dinâmica de redução gradual. Os dados espelhados no plano anual de endividamento revelam que, entre 2017 a 2024, Angola reduziu a sua dívida com a China em 47%, estando, agora, fixada em US$ 10,18 mil milhões

Ao longo de mais de uma década, a segunda maior economia do mundo consolidou-se como o principal credor de Luanda, desempenhando um papel importante no financiamento da economia nacional. O balanço histórico da dívida pública, contido no Plano Anual de Endividamento para 2025, revela um aumento expressivo da dívida garantida com o país asiático entre 2010 e 2024.

Nesse período, a dívida com o gigante asiático registou um aumento de 361%, passando de US$ 2,21 mil milhões em 2010 para US$ 10,18 mil milhões em 2024. O maior pico da sua pilha de dívida, que atingiu os US$ 19,37 mil milhões, foi registado em 2017, no ano em que Eduardo dos Santos deixava o poder.

Contudo, desde o primeiro ano de governação de João Lourenço, a trajectória da dívida com o “Dragão Vermelho” tem apresentado sinais de desaceleração, sinalizando uma dinâmica de redução gradual, quando, em 2018, se verificou uma diminuição de 6% em relação ao ano anterior, com o stock da dívida a sair de US$ 19,37 mil milhões em 2017 para US$ 18,15 mil milhões.

Os dados espelhados no plano anual de endividamento revelam que, entre 2017 a 2024, Angola reduziu a sua dívida com a China em 47%, estando, agora, fixada em US$ 10,18 mil milhões.

Em relação ao serviço da dívida previsto para 2025, tal como noticiamos anteriormente, estima-se que este se situe em US$ 14,29 mil milhões, o que representaria uma redução de 17% face ao valor projectado para 2024.

Dentro deste montante global, o serviço da dívida externa continuará a ter um peso predominante, totalizando US$ 9,35 mil milhões e correspondendo a 65% do total projectado. Em seguida, destaca-se o serviço da dívida interna, com um valor estimado de US$ 4,17 mil milhões, representando 29% do total, enquanto as empresas estatais deverão pesar com um montante projectado de US$ 0,76 mil milhões, equivalente a 5% do serviço da dívida.

Na estrutura de captação de recursos para o ano em curso, a ministra Vera Daves de Sousa avançou que o governo estabeleceu um total de recursos a serem obtidos por meio da emissão de dívida, segmentados entre dívida interna e externa. A previsão para a dívida interna corresponde a AOA 7.548,05 milhões (US$ 7,70 milhões), enquanto a dívida externa está desenhada em AOA 7.090,02 milhões (US$ 7,23 milhões).

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Bernardo Bunga

EDITOR DE ECONOMIA & OIL

Bernardo Bunga é Editor de Economia & Oil no O Telegrama e possui mais de 5 anos de experiência em análise económica e planeamento financeiro. Licenciado em Economia pela Universidade Católica de Angola (UCAN), detém, também, o bacharel em Gestão Financeira pela Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto (UAN). Fez parte da equipa de consultores que prestou consultoria ao Banco Mundial, ao Ministério do Planeamento e ao Ministério das Finanças para a harmonização de salários e subsídios dos projectos da representação em Angola do Banco Mundial. Actuou como consultor na Global Education e na Knowledge – Consultores & Auditores. Possui formações em planeamento e estratégia de tomada de decisão, teoria das restrições – Lean e Six Sigma (TLS), Excel Avançado e Análise de Dados.

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