O bitcoin (BTC) continua em queda nesta segunda-feira (10) com a decepção dos investidores em torno do plano de reserva estratégica de ativos digitais apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ao mesmo tempo, a guerra comercial aumenta as incertezas macroeconômicas e dificulta a visibilidade dos próximos passos do Federal Reserve (Fed) em termos de política monetária.
Perto das 10h24 (horário de Brasília), o bitcoin cai 2,1% em 24 horas, cotado a US$ 82.570 e o ether, moeda digital da rede Ethereum, tem queda de 1% a US$ 2.114, conforme dados do CoinGecko. O valor de mercado somado de todas as criptomoedas do mundo é de US$ 2,82 trilhões. Em reais, o bitcoin tem perdas de 2,5% a R$ 480.441, de acordo com valores fornecidos pelo Cointrader Monitor.
Entre as altcoins (as criptomoedas que não são o bitcoin), o XRP, token de pagamentos internacionais da Ripple, recua 2,2% a US$ 2,18. Já a solana despenca 5,4% a US$ 127,84 e o BNB (token da Binance Smart Chain) registra desvalorização de 2,6% a US$ 563,13.
Durante a semana passada, Trump assinou uma ordem executiva para a criação de uma reserva estratégica de ativos digitais, porém deixou claro que essa reserva envolve apenas a manutenção das criptomoedas apreendidas pelos EUA em ações policiais, e não prevê a aquisição de novas moedas digitais. Na sexta, o presidente americano trouxe representantes do setor cripto para a Casa Branca em um evento chamado de “Crypto Summit”, mas não anunciou novas medidas para a indústria.
A decepção se juntou ao mau humor provocado pela guerra comercial de Trump, que impôs tarifas a México, Canadá e China e ameaça fazer o mesmo contra a União Europeia. Hoje, começam a valer as novas taxas chinesas contra produtos importados dos EUA, como uma resposta à política comercial do republicano. Os impactos das medidas protecionistas na inflação global ainda não são claros.
Usando análise técnica, Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, afirma que apesar da forte queda do bitcoin nos últimos dias, o preço ainda mantém um alto volume comprador no gráfico diário, o que vem servindo como suporte para evitar recuos abaixo dos US$ 80 mil. “Contudo, caso o preço do bitcoin rompa o suporte dos US$ 78.260, haverá um vácuo de liquidez até o próximo suporte, que está na faixa de preço de US$ 75.900. As resistências de curto e médio prazo estão nas áreas de valor dos US$ 84.300 e US$ 86.200”, explica a analista.
Em relação ao ether, Ana comenta que a criptomoeda voltou a testar seu fundo recente, na faixa de preço de US$ 1.989. “Ao analisar o fluxo, é possível observar que o preço do ativo está com baixo volume, o que sugere a possibilidade de lateralização entre as faixas de preços dos US$ 1.989 e US$ 2.500. Se houver rompimento da lateralização para baixo, os suportes estão nas faixas dos US$ 1.960 e US$ 1.765”, avalia.
Nos fundos negociados em bolsa (ETFs) de bitcoin à vista que operam nas bolsas americanas, foi registrado na sexta (7) um saldo líquido negativo de US$ 409,3 milhões. Os destaques ficaram por conta do ARKB, da Ark Invest, com US$ 160 milhões de excesso de vendas de cotas em relação às compras, e do FBTC, da Fidelity, com US$ 154,9 milhões.
Entre os ETFs de ether, o dia foi de um fluxo negativo de US$ 23,1 milhões. O ETHA, da BlackRock, respondeu por US$ 11,2 milhões de saídas, enquanto o FETH, da Fidelity, teve US$ 11,9 milhões em saques.