Opinião

O Valor Invisível da Mulher

Célia Sobrinho

Gestora Financeira | Instrutora de Yoga

10 Março, 2025 - 22:10

10 Março, 2025 - 22:10

Célia Sobrinho

Gestora Financeira | Instrutora de Yoga

Sempre que se fala da presença da mulher no mercado, a conversa gira em torno de números. Quantas chegam ao topo, quantas lideram, quantas conseguem equilibrar a carreira e a vida pessoal. Mas e se o verdadeiro valor da mulher não estivesse nas conquistas visíveis e sim naquilo que sustenta tudo o resto?

Ela sempre esteve presente, ainda que raramente anunciada. Está nos detalhes, nos gestos discretos que mantêm tudo em movimento e nas soluções que surgem antes mesmo de um problema aparecer. Ela estrutura, organiza e faz com que as coisas simplesmente aconteçam, sem a intenção de ocupar espaço ou exigir validação.

Fala-se muito daquelas que chegam longe, mas e aquelas que fazem com que tudo aconteça, mesmo sem sair do lugar? Uma Graciela Mendonça, que antecipa problemas antes que alguém precise mencioná-los. Uma Petra Mendes, que mantém uma equipa alinhada sem precisar de levantar a voz. Uma Lílian Évora, que segura um projecto porque sabe que há coisas que não podem ser deixadas ao acaso.

O espaço que ela cria, os detalhes que ajusta sem que ninguém perceba, o ambiente que transforma sem precisar de impor a sua presença são o verdadeiro impacto da mulher, embora o cargo que ocupa ou os resultados que apresenta sejam de igual modo importantes. Não porque tem algo a provar, mas porque a sua forma de estar carrega um tipo de inteligência que se move sem resistência, que flui sem precisar de ser nomeada.

Nem tudo o que transforma precisa de ser visto.

Pensa numa equipa onde as dinâmicas fluem, onde as relações são alinhadas, onde as decisões parecem intuitivas. Pensa naquela conversa onde alguém brilha ao apresentar uma ideia, mas ninguém repara que, antes disso, houve alguém que preparou o terreno para que essa ideia pudesse nascer. Pensa nas pequenas escolhas do dia a dia, nas soluções que aparecem como se sempre estivessem ali.

A mulher nunca precisou de ser vista para estar presente. E talvez por isso, durante tanto tempo, tenha acreditado que era necessário fazer mais, ser mais, provar mais. Mas e se a verdadeira força estivesse exactamente no contrário?…

…Porque, no fim, não se trata de provar nada. Trata-se de lembrar que o valor da mulher nunca precisou de validação. Ele apenas precisa de ser reconhecido.

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