Opinião

A Luta Silenciosa das Mulheres Líderes

Petra Mendes

Gestora Sénior de Estratégia da Marca e Comunicação da UNITEL

19 Março, 2025 - 11:09

19 Março, 2025 - 11:09

Petra Mendes

Gestora Sénior de Estratégia da Marca e Comunicação da UNITEL

As mulheres em cargos de liderança continuam a enfrentar desafios únicos no mundo corporativo, e em Angola não é diferente. Apesar dos avanços na inclusão feminina em posições de destaque, as barreiras culturais e sociais ainda impõem dificuldades adicionais às mulheres que desejam crescer profissionalmente e assumir papéis de decisão.

Um dos principais desafios é o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal. Em muitas sociedades, a mulher ainda é vista como a principal responsável pelo lar e pela família, o que cria uma sobrecarga significativa quando aliada a uma carreira exigente. Encontrar esse equilíbrio exige organização, apoio e, muitas vezes, enfrentar estereótipos que questionam a capacidade da mulher de gerir ambas as áreas com sucesso.

No ambiente profissional, as mulheres líderes em Angola ainda lidam com a resistência de alguns colegas e subordinados, fruto de uma cultura que, historicamente, favorece a liderança masculina. A necessidade de provar constantemente a sua competência, muitas vezes mais do que os homens na mesma posição, cria uma pressão adicional e pode gerar insegurança e desgaste emocional.

Além disso, a falta de representatividade feminina em determinados sectores torna o caminho para o topo ainda mais desafiador. A ausência de modelos de sucesso e mentores que compreendam as dificuldades específicas enfrentadas pelas mulheres pode dificultar a progressão na carreira. Por isso, o networking e o apoio não só das mulheres mas também dos homens torna-se essencial para fortalecer a presença feminina em cargos estratégicos.

Diante desses desafios, o investimento na Marca Pessoal pode ser um caminho poderoso para as mulheres que aspiram a posições de liderança. Construir uma identidade profissional forte, baseada em competências, valores e diferenciação, permite que elas sejam reconhecidas não apenas pelo seu trabalho mas também pela sua visão e impacto dentro das organizações sem nunca esquecer a sua própria essência e autenticidade.

Trabalhar a Marca Pessoal envolve estar presente em eventos relevantes da indústria, cultivar uma rede de contactos estratégica, produzir conteúdo de valor e utilizar plataformas como o LinkedIn para partilhar experiências e conhecimentos. Ter uma comunicação assertiva e uma imagem profissional coerente também são factores que ajudam a consolidar a credibilidade e abrir novas oportunidades.

Infelizmente, ainda vivemos o paradigma em que os meninos são criados para serem audazes e corajosos, enquanto as meninas são ensinadas a serem perfeitas. Esta noção inconsciente de alcançar sempre a perfeição faz com que muitas mulheres sintam que lhes falta algo para assumirem um cargo de liderança, levando à auto-sabotagem. Por isso, é fundamental incentivar as meninas desde cedo a irem mais além, a desenvolverem auto-confiança e a acreditarem no seu potencial. A construção da Marca Pessoal e da confiança deve começar cedo e ser trabalhada ao longo dos anos para garantir que mais mulheres alcancem lugares de destaque sem receios ou limitações auto-impostas.

Apesar das dificuldades, muitas mulheres em Angola têm conseguido romper barreiras e destacar-se em diferentes áreas. O crescimento da presença feminina na política, nos negócios e na liderança corporativa é um sinal positivo de mudança, mas é fundamental continuar a promover a igualdade de oportunidades e combater preconceitos que ainda persistem.

A grande questão que fica é que deixo aqui para a reflexão:

O mundo já reconhece o valor das mulheres líderes ou ainda continua a impor barreiras invisíveis?

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