A economista revela na entrevista, citada pela investing.com que os múltiplos desafios que o Banco Central enfrentará no próximo ano: de um lado, a necessidade de controlar uma inflação pressionada pelo sector de serviços e sujeita às incertezas da política comercial de Donald Trump; de outro, a administração de uma economia cuja desaceleração deve levar ao aumento da taxa de desemprego, porém insuficiente para atingir níveis não inflacionários. O equilíbrio entre esses factores definirá, primeiramente, a taxa terminal do actual ciclo de alta da taxa de juros e, em seguida, quando e se haverá espaço para cortes na Selic (taxa básica de juros da economia brasileira).
Questionada sobre que tipo de desaceleração o Brasil vai enfrentar, olhando para recessão técnica, baixo crescimento ou pouso suave, a economista, argumenta que o pouso suave é uma possibilidade quando não há um choque de juros do tamanho que está ocorrendo. Vale lembrar que a taxa de juros vai subir mais do que 4 pontos percentuais em um intervalo muito curto de tempo, com o seu ponto de partida já sendo de uma política monetária apertada. Por mais que tenha alguma incerteza a respeito de qual é taxa neutra de juro da economia brasileira, a política monetária já estava apertada com a taxa em 10,5% ao ano. É difícil imaginar que vai ser um pouso super suave.
A especialista em mercado emergentes sugere que deve haver alguma desaceleração que não parece estar captada nas projecções de mercado. Destacando que o consenso na sua instituição é de alta no primeiro trimestre de 2025 de 0,5%, parecido com o que se espera para o quarto trimestre de 2024. Em seguida, 0,4% no segundo trimestre, 0,2% no terceiro e 0,3% no quarto. Realçando que, caso haja uma recessão técnica, talvez tenda a ser mais no final do ano.
Dupita frisou que não tem uma projecção de recessão técnica, mas prevê uma desaceleração muito significativa da economia brasileira, com um crescimento de 1,7% do PIB de 2025, o que contraria o optimismo do mercado e do governo.
A economista afirmou que uma das consequências dessa desaceleração da economia deverá ser um aumento da taxa de desemprego. Garatindo que não se sabe o quanto a taxa de desemprego aumentará.
Em relação à inflação, a representante da Bloomberg é de opinião que a desaceleração da actividade pode ser um motivo para o Banco Central parar de subir os juros, mas, para cortar, ele vai precisar que os modelos estejam apontando que a inflação vai estar perto dos 3%, e isso precisa de uma apreciação do câmbio muito grande para acontecer.