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Esquerda e reformados protestam contra austeridade de Milei na Argentina

Diário de Notícias

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23 Dezembro, 2024 - 01:41

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LUSA

23 Dezembro, 2024 - 01:41

O Presidente da República Javier Milei tem sido um fiel seguidor do Fundo Monetário Internacional (FMI) e das suas tradicionais receitas de austeridade máxima, aplicando cortes a fundo em salários, pensões e apoios sociais, isto num país em que quase 50% da população é muito pobre

Vários grupos políticos de esquerda e de cidadãos idosos e reformados reuniram-se em protesto em frente à sede do governo argentino, na Plaza de Mayo, na capital Buenos Aires, contra a política de austeridade do atual Presidente Javier Milei, de extrema-direita.

A ocasião foi aproveitada para recordar os protestos de dezembro de 2001, que acabaram com o governo Fernando de la Rúa (1999-2001).

Sob o slogan “abaixo o plano motosserra de Milei, dos governadores e do Fundo Monetário Internacional (FMI)”, os manifestantes reuniram-se na simbólica praça da capital argentina, revelando que também terão sido ameaçados pelas autoridades, disseram que foram alvo de tentativas de “amedrontamento” por parte da Polícia Federal.

O deputado Juan Carlos Giordano, da Frente de Esquerda Unidade, disse à agência noticiosa EFE que “a Argentina vai continuar com fome, pobreza e em submissão se continuar a pagar uma divida externa completamente usurária e fraudulenta sob os ditames do FMI”.

Em alternativa, a esquerda propõe “não pagar” e “continuar a lutar” por um governo da classe trabalhadora e por uma Argentina socialista”, acrescentou.

Desde que chegou ao poder, o governo de Milei tem vindo a aplicar um programa de grande austeridade, desenhado e inspirado pelo FMI, com o objetivo de desvalorizar internamente a economia, cortando salários e pensões (como aconteceu em Portugal, nos anos da troika, de 2010 a 2015), de modo a cortar o défice público (que equivalia a 6% do PIB – Produto Interno Bruto no final de 2023) e a chegar a uma situação de equilíbrio orçamental.

De janeiro a novembro deste ano, o governo de Milei cortou a despesa com pensões em quase 30%, aplicou um corte de quase 20% nos apoios sociais, reduziu em 30% a despesa com obras públicas e em 10% as transferências do Estado central para as províncias argentinas.

O orçamento geral dedicado serviços públicos foi reduzido em 15%, os salários da função pública levaram um corte de 11% e as transferências para as universidades foram reduzidas em 3%.

Com esta receita de choque económico, a grande economia sul-americana entrou em recessão, estando o PIB a ceder quase 3% (valor apurado até outubro).

A forte contração registada no consumo das famílias e no investimento fez cair um pouco a inflação, mas não o suficiente: em novembro, os preços estavam a subir uns impressionantes 166%, em termos anuais.

O Presidente da República e chefe do governo, Javier Milei, que se diz “anarco-capitalista”, tem, na verdade, sido um fiel seguidor do Fundo Monetário Internacional (FMI) e das suas tradicionais receitas de austeridade máxima, aplicando cortes a fundo em salários, pensões e apoios sociais, isto num país em que quase 50% da população é muito pobre. O FMI é um grande credor da Argentina há décadas.

O economista que também se diz “libertário” ganhou a eleições presidenciais argentinas há mais de um ano, em novembro de 2023, com uma maioria de 56%.

Quando chegou ao poder, Milei herdou uma herança económica pesada do anterior governo peronista: uma inflação na ordem dos 211% em 2023 (que hoje está muito mais baixa, mas continua a ser hiperinflação e muito longe de estar controlada), uma recessão económica de 1,6% (que hoje é ainda pior e mais severa) e uma taxa de pobreza de 45%, que hoje está ainda mais elevada, reflexo das políticas de austeridade extrema.

“Estamos a passar penúrias indescritíveis”, disse uma reformada presente na manifestação à agência EFE.

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