O Euro registou uma valorização cerca de 1,5% face ao dólar norte-americano, atingindo a cotação de US$ 1,15, o seu estágio mais elevado desde Novembro de 2021, impulsionado, em larga medida, por uma conduta de enfraquecimento estrutural da moeda da maior economia do mundo, que espelha a intensificação das preocupações dos agentes de mercado quanto à preservação da independência institucional da Reserva Federal dos EUA (Fed).
A moeda da União Europeia tem-se beneficiado de um reposicionamento programado de portfólios, num ambiente de reavaliação dos fundamentos macroeconómicos e das expectativas em torno da trajectória das taxas de juro nas economias centrais.
A mudança seguiu com os comentários do presidente Trump e do Director do Conselho Económico Nacional dos EUA, propondo que o republicano ainda está a “estudar” se deve demitir o presidente do Fed, Jerome Powell.
A realidade é que o Euro subiu mais de 5% em relação ao dólar até agora, em Abril, enquanto os investidores questionam cada vez mais o domínio da moeda norte-americana no sistema financeiro global.
No plano da política monetária, o Banco Central Europeu (BCE) decidiu, conforme amplamente antecipado pelos mercados, reduzir a sua taxa de depósito em 25 pontos base, para 2,25%, o nível mais baixo desde o início de 2023. O BCE suprimiu a referência à sua política como “restritiva”, uma mudança semântica que sinaliza a possibilidade de um ciclo mais profundo de flexibilização monetária.
Embora a decisão já estivesse incorporada nas expectativas dos investidores, o movimento foi interpretado como um sinal de que a autoridade monetária está disposta a ajustar o seu posicionamento diante de sinais de moderação da inflação e fragilidade do crescimento económico no bloco. Ainda assim, o corte não anulou a trajectória de apreciação do Euro, dado que o alívio monetário foi contrabalançado pela perceção de maior vulnerabilidade institucional nos EUA.
De acordo com o Trading Econmics, “o banco central europeu também removeu a linguagem que se refere à sua postura de política como “restritiva”, ao mesmo tempo em que alertou que as perspectivas económicas pioraram devido à escalada das tensões comerciais. Os mercados agora estão precificando mais três cortes de taxas de 25 pontos base até o final do ano”.