A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) divulgaram, nesta quinta-feira (20), um cronograma detalhado que estabelece a necessidade de implementação de novos cortes na produção por parte de seus membros. A medida visa compensar os volumes de extracção que excederam os tetos previamente acordados, garantindo a adesão ao regime de restrição de oferta definido pelo grupo.

Esses cortes adicionais têm como objectivo não apenas a neutralização dos incrementos mensais de produção que a OPEP+ pretende introduzir a partir do próximo mês mas também a superação em magnitude, conferindo um efeito líquido de redução na oferta global de petróleo

O plano delineado pela OPEP+ prevê cortes mensais na produção de petróleo variando entre 189.000 e 435.000 barris por dia (bpd), conforme indicado em uma tabela publicada no site oficial da organização. Essa estratégia de ajuste será mantida até Junho de 2026, espelhando um compromisso de longo prazo com a readequação da oferta global, visando não apenas corrigir os excessos recentes na produção de determinados países membros mas também reforçar sua capacidade de influência sobre os preços internacionais do petróleo.

A OPEP+, composta pelos membros da OPEP, além da Rússia e outros aliados, mantém uma estratégia contínua de contenção da oferta de petróleo, com cortes acumulados que totalizam 5,85 milhões de barris por dia (bpd), o que representa aproximadamente 5,7% da oferta global. Esses ajustes sucessivos foram implementados desde 2022 como parte de um conjunto de medidas destinadas a sustentar os preços e estabilizar o mercado energético diante de incertezas macroeconómicas e flutuações na demanda.

Apesar do compromisso com os cortes adicionais, a OPEP+ também confirmou em 3 de Março que oito de seus membros, Rússia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Omã, Argélia, Cazaquistão e Iraque, seguirão com um aumento mensal de 138.000 bpd a partir de Abril. A justificativa oficial para essa expansão moderada foi a percepção de fundamentos de mercado mais saudáveis, sugerindo um equilíbrio entre a necessidade de limitar a oferta e permitir um ajuste gradual para atender à demanda.

O plano de compensação de cortes surge após dados recentes da OPEP apontarem que o Cazaquistão ultrapassou significativamente sua cota de produção em Fevereiro. Segundo a entidade, o país bombeou 1,767 milhão de bpd no mês, acima dos 1,570 milhão registados em Janeiro e muito além da cota estabelecida pela OPEP+ de 1,468 milhão de bpd.

De acordo com a agência de notícias britânica Reuters, o recente excesso de produção do Cazaquistão irritou outros membros e foi um dos factores decisivos que levaram o grupo a prosseguir com o aumento.

“O Iraque fará a maior parte da contribuição para os cortes de compensação, seguido pelo Cazaquistão e pela Rússia. O plano também prevê que a Arábia Saudita, um dos principais defensores da adesão ao acordo da Opep+, faça pequenos cortes de compensação de 6.000 a 15.000 bpd em um período de três meses”, destaca a agência.