No seu mais recente relatório publicado no início desta semana, o Banco Mundial destaca que, entre 2023 e 2024, a maioria das moedas da região, incluindo o kwanza, sofreu desvalorização. Realçando que esse enfraquecimento foi causado por condições financeiras mais restritivas, a valorização do dólar americano e as reformas nos mercados cambiais afectaram negativamente as economias locais e as suas moedas.
Angola ocupa a quinta posição entre os países da África Subsariana com as moedas mais desvalorizadas, registando uma queda de cerca de 11% no valor do kwanza. O pódio é ocupado pelo Sudão do Sul, cuja moeda enfraqueceu 63%, pela Etiópia com 50%, e pela Nigéria com 43%, que ocupam a primeira, segunda e terceira posições, respectivamente.
No caso da moeda oficial do maior produtor de petróleo em África, os economistas de Bretton Woods apontam o “aumento da procura de dólares americanos no mercado paralelo, impulsionado por instituições financeiras, gestores de fundos e utilizadores finais não financeiros, combinado com entradas limitadas de dólares e desembolsos lentos de divisas para as casas de câmbio por parte do banco central, como factores que influenciaram o enfraquecimento da naira”.
A moeda queniana, o xelim, teve o melhor desempenho na África Subsariana em 2024, com uma valorização de 21%, seguido pelo rand sul-africano e as moedas a ele indexadas que registaram uma valorização de 3,1% este ano, depois de terem perdido valor no ano passado.
A equipa coordenada pelos economistas-chefe do gabinete para a Região de África do Banco Mundial, a ganense Victoria Kwakwa e o mauritano Ousmane Diagana, chama atenção que, “apesar de a maioria das moedas estar a estabilizar, as pressões sobre as taxas de câmbio e a escassez de divisas continuam a ser uma preocupação para os decisores políticos africanos.”
No pódio das políticas monetárias mais restritivas
Angola integra o grupo de países da África Subsariana caracterizados por políticas monetárias restritivas, evidenciadas pelas elevadas taxas de juro de referência praticadas pelos seus bancos centrais.
Com uma taxa fixada em 19,5%, o País posiciona-se entre as economias com as mais altas taxas de juro da região, um reflexo das medidas adoptadas pelo Banco Nacional de Angola (BNA) para combater a inflação e estabilizar o mercado cambial. Apesar desse nível significativo, o país ainda fica atrás de outras nações como Gana, que lidera o ranking com uma taxa de 29%, seguida pela Nigéria com 26,75% e o Malawi com 26%.
O Banco Mundial enfatiza que “os bancos centrais dos países que ainda registam uma inflação de dois dígitos e moedas nacionais enfraquecidas (como Angola, Nigéria e Serra Leoa) manterão as taxas de política monetária mais elevadas durante mais tempo e, em menor número, poderão aumentar as suas taxas de política monetária, em especial nos países onde as taxas de inflação ainda não atingiram o seu ponto máximo”.
Estes dados sobre Angola ressaltam o contexto de um cenário macroeconómico na região e ilustra as preocupações entre políticas monetárias restritivas e a necessidade de crescimento económico, configurando um equilíbrio delicado entre estabilização a curto prazo e sustentabilidade a longo prazo.