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Petróleo: guia básico nas relações Angola e China

Bernardo Bunga

14 Novembro, 2024 - 10:05

Bernardo Bunga

14 Novembro, 2024 - 10:05

Ao longo de quase duas décadas, Pequim consolidou-se como principal destino das exportações de petróleo bruto proveniente de Luanda, assumindo uma posição de destaque no mercado energético mundial. Esse domínio chinês sobre o petróleo angolano remonta a 2007, quando o país asiático ultrapassou os Estados Unidos da América (EUA) como o maior importador do recurso angolano, marcando uma reconfiguração nas relações comerciais de Angola com as principais potências mundiais

Desde 2007, ano em que a China ultrapassou os Estados Unidos como o maior destino das exportações do petróleo de Angola,  o fluxo de exportações angolanas para Pequim tem mostrado um crescimento significativo. Neste período, as vendas de petróleo bruto para a China totalizaram US$ 11,17 mil milhões, evidenciando um aumento de aproximadamente 24% em relação ao ano anterior, quando as exportações para aquele mercado se cifraram em US$ 9 mil milhões. Em sentido oposto, as exportações angolanas para os EUA seguiram uma trajectória oposta, com uma retracção de 8% no mesmo período.

Entre 2007 e 2023, as exportações do petróleo angolano para a República Popular da China registaram um crescimento significativo de 60%, passando de US$ 11,17 mil milhões em 2007 para US$ 17,85 mil milhões em 2023. Esse período evidenciou uma solidificação da China como principal mercado de destino para o petróleo angolano, com uma absorção média anual de aproximadamente US$ 20,43 mil milhões, representando 51% do total das exportações petrolíferas de Angola.

A análise deste intervalo temporal destaca não apenas a relevância da parceria sino-angolana no sector energético, mas também a crescente dependência de Angola em relação ao mercado chinês. Esta dependência sublinha uma dupla realidade: por um lado, a China surge como um parceiro estratégico, contribuindo significativamente para as receitas do Estado angolano e, por outro, expõe a economia angolana às oscilações da procura chinesa por petróleo.

Além disso, o contexto global aponta para uma transformação no perfil energético da China. De acordo com o Relatório de 2023 da Agência Internacional de Energia (AIE), a China liderou a expansão global da capacidade de geração de energia renovável, que registou um crescimento de 50%, atingindo 510 gigawatts.

O secretário-geral da Associação Chinesa de Energia Eólica, Qin Haiyan, destacou que o país tem intensificado a transição para fontes de energia limpa, como a eólica, não apenas pela sua menor pegada ambiental, mas também pelo custo competitivo em relação aos combustíveis fósseis, incluindo o carvão.

Essa transição energética de Pequim apresenta um cenário de desafios para Luanda. Isto porque a crescente aposta chinesa em energias renováveis poderá indicar um eventual declínio na demanda por petróleo a longo prazo.

Ao longo do período analisado, o ano de 2021 revelou-se particularmente significativo no contexto das relações comerciais entre Angola e China, especialmente no sector petrolífero. Nesse ano, a China demonstrou uma forte apetência pelo petróleo angolano, absorvendo 71,44% do total das exportações. Em termos monetários, esta relação traduziu-se em receitas de US$ 19,90 mil milhões, firmando a China como um parceiro estratégico essencial para o sector petrolífero angolano.

No segundo trimestre do presente ano, as exportações de petróleo angolano destinadas ao mercado chinês totalizaram US$ 4,40 mil milhões, reflectindo uma retracção de 5,31% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

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