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Relações comerciais entre EUA e Angola em declínio na última década

Bernardo Bunga

2 Dezembro, 2024 - 19:30

Bernardo Bunga

2 Dezembro, 2024 - 19:30

A visita do presidente dos EUA a Angola, que ocorre entre os dias 2 e 4 de Dezembro, marca um momento significativo nas relações bilaterais entre os dois países. Esta será a primeira visita de um presidente norte-americano, tendo na bagagem o reforço das parcerias económicas e estratégicas entre os dois países

Um destaque da agenda será o apoio ao desenvolvimento do Corredor do Lobito, uma infra-estrutura ferroviária estratégica que conecta Angola, Zâmbia e a República Democrática do Congo, visando facilitar o transporte de recursos como cobre e cobalto até ao Atlântico. Este projecto é parte do programa de investimento americano em infra-estrutura global e reforça a competição entre os EUA e a China pela influência económica em África.

A relação económica entre os Estados Unidos e Angola é marcada por trocas comerciais e projectos estratégicos de investimento, especialmente no sector energético.

Angola é um importante fornecedor de petróleo para os EUA, embora o volume tenha diminuído com o aumento da produção interna americana de petróleo de xisto. Ainda assim, o petróleo angolano permanece relevante para a segurança energética dos EUA devido à sua qualidade e localização estratégica.

Queda acentuada nas relações comerciais

Entre o período de 2012 e o terceiro trimestre de 2024, Angola registou uma média anual de exportações para a maior economia do mundo equivalente a 1,520 mil milhões de dólares, um valor que o posiciona como segundo principal destino das suas exportações, apenas superado pela China, cuja média anual é de 20,76 mil milhões de dólares.

No entanto, as exportações angolanas de petróleo bruto para os Estados Unidos evidenciam uma trajectória de declínio acentuado. Em 2012, Angola exportou 6,024 mil milhões de dólares deste recurso estratégico para o mercado norte-americano. Já em 2024, esse valor retraiu-se drasticamente, alcançando 640,17 milhões de dólares, o que reflecte uma queda acumulada de 89% ao longo do período analisado.

No domínio das importações provenientes dos Estados Unidos para Angola observa-se, igualmente, uma tendência de retracção ao longo dos últimos anos. Entre 2012 e 2024, as importações angolanas oriundas do mercado norte-americano registaram uma média anual de US$ 985,30 milhões. Contudo, esta trajectória apresenta um declínio significativo quando comparados os extremos do período em análise: em 2012, o volume total das importações angolanas dos EUA situava-se em US$ 1,292 mil milhões, valor que, em 2024, se reduziu para US$ 635,78 milhões, evidenciando uma queda acumulada de 51%.

Contrariamente à tendência observada nas variáveis comerciais entre Angola e o país norte-americano, a dinâmica da dívida pública angolana junto ao governo norte-americano apresenta um movimento ascendente significativo no período compreendido entre 2012 e 2024. Durante esses 13 anos, o Estado angolano contraiu, em média, 1,610 mil milhões de dólares em dívida junto aos Estados Unidos, evidenciando um crescimento que ultrapassa a marca dos 100% no acumulado do período.

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Bernardo Bunga

EDITOR DE ECONOMIA & OIL

Bernardo Bunga é Editor de Economia & Oil no O Telegrama e possui mais de 5 anos de experiência em análise económica e planeamento financeiro. Licenciado em Economia pela Universidade Católica de Angola (UCAN), detém, também, o bacharel em Gestão Financeira pela Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto (UAN). Fez parte da equipa de consultores que prestou consultoria ao Banco Mundial, ao Ministério do Planeamento e ao Ministério das Finanças para a harmonização de salários e subsídios dos projectos da representação em Angola do Banco Mundial. Actuou como consultor na Global Education e na Knowledge – Consultores & Auditores. Possui formações em planeamento e estratégia de tomada de decisão, teoria das restrições – Lean e Six Sigma (TLS), Excel Avançado e Análise de Dados.

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