A avaliação de Transferência e Conversibilidade (T&C), conceito utilizado de classificação de risco, para avaliar a capacidade de um país em honrar suas obrigações financeiras externas, especialmente no que diz respeito à conversão de moeda nacional em moeda estrangeira e à transferência desses recursos para credores internacionais, que se traduz na capacidade do país de honrar obrigações financeiras em moeda estrangeira, permaneceu em ‘B-‘ para Angola, que corresponde com a classificação de longo prazo.
A agência realça que “a perspectiva estável equilibra as grandes necessidades de financiamento externo do país e os riscos de financiamento nos próximos 12 meses, contra as receitas do petróleo e as reservas em moeda estrangeira disponíveis”.
Um dos motivos que fez com que a S&P não elevasse o rating de Angola é pelo facto de a estabilidade económica do país estar intrinsecamente ligada à dinâmica do sector petrolífero, que desempenha um papel central na estrutura económica do Estado angolano, que depende, significativamente, das receitas geradas pelo petróleo para cumprir obrigações financeiras, incluindo os pagamentos de dívidas consideráveis, evidenciada pelo facto de o sector de hidrocarbonetos representar, aproximadamente, 30% do Produto Interno Bruto (PIB), 95% das exportações de bens e mais de 50% da receita fiscal.
A S&P Global Ratings fez saber que as condições macroeconómicas provavelmente permanecerão desafiadoras, pois a alta inflação e a fraqueza da moeda pesam sobre a actividade do sector não petrolífero. A produção de petróleo está sujeita a interrupções de produção de curto prazo devido ao envelhecimento dos campos, mas o investimento contínuo nos campos existentes ajudará a limitar os declínios estruturais no médio prazo, e o governo enfrentará difíceis compensações políticas e descontentamento entre partes da população, dada a margem de manobra fiscal restrita e sua fraca capacidade de resistir a choques.
“As condições macroeconómicas gerais, provavelmente, permanecerão difíceis no futuro próximo devido à alta inflação (que prevemos que será em média de 16,5% até 2028), surtos de volatilidade cambial e margem fiscal limitada para investir em infra-estrutura crítica e diversificar para longe do sector de petróleo. Os investimentos na agricultura promoverão o crescimento do sector não petrolífero, mas o sector ainda está em sua infância; levará anos até que Angola se torne autossuficiente na produção de alimentos”, destaca a agência de cotação.
A S&P prevê que a economia de Angola crescerá 2,7% em média em 2025-2028, apoiada por volumes de produção de petróleo razoavelmente estáveis, juntamente com a melhoria da actividade do sector não petrolífero.