No comunicado divulgado na tarde de ontem, sexta-feira (14), no mesmo dia em que O Telegrama divulgou a informação, o Conselho de Administração do Banco Sol fala em “desinformação” e “divulgação irresponsável de informação confidencial, fora do contexto para que foi produzida”.
O Banco fala ainda “em abuso da liberdade de imprensa, punível ao abrigo do artigo 224.º do mesmo diploma”. E termina o seu comunicado com o seguinte: “Na defesa do interesse da instituição, dos seus clientes e dos seus colaboradores, e na salvaguarda da estabilidade do sistema financeiro nacional, o Banco irá desenvolver todas as diligências indispensáveis à identificação das pessoas individuais e colectivas envolvidas nestes actos e ao apuramento das responsabilidades civis e penais”.
Diante deste desmentido e com vista a salvaguardar a reputação do O Telegrama, tendo como objectivo a prevalência da verdade e do interesse público, em particular a da transparência para o mercado financeiro, reafirmamos que todas as informações produzidas correspondem à verdade.
O Banco Sol está na iminência de falir, caso se efective a retirada dos recursos da AGT, que tem feito pressão para que o banco transfira os seus recursos (depósitos) para a Conta Única do Tesouro (CUT). Estas declarações não foram produzidas por nós, constam do documento (PRR) que a entidade bancária remeteu ao Banco Nacional de Angola (BNA), solicitando sua intervenção ao abrigo do Aviso n.º 10/2023 de 28 de Agosto.
Em resumo, o Aviso n.º 10/2023 estabelece as regras e procedimentos que as Instituições Financeiras solventes, que enfrentam problemas temporários de liquidez, devem observar na solicitação de crédito ao Banco Nacional de Angola, mediante prestação de garantias adequadas e suficientes e, quando apropriado, sob a condição de medidas correctivas.
Uma das medidas correctivas será a suspensão da distribuição de dividendos; proibição de concessão de novos empréstimos e realização de investimentos significativos; proibição de empréstimos às partes relacionadas; proibição de acesso a determinados mercados e contenção de custos.
Além do pedido de assistência de liquidez ao BNA, e de aportes substanciais de capital por parte dos accionistas, o PRR do Banco Sol traça 40 iniciativas com vista a evitar o seu colapso. A recuperação de Crédito Malparado, calculado em AOA 55,2 mil milhões; a venda de activos não core avaliados, estimado em AOA 19,4 mil milhões; a captação de depósitos na ordem de AOA 108,1 mil milhões, e a Optimização do Pessoal (AOA 21,3 mil milhões).
Por fim, uma nota de rodapé. Se, em guerras, é milenar a tradição de manipular a informação para enganar o inimigo, no caso que enfrentamos hoje não há outra arma que não seja a verdade. O Banco Sol está no seu direito de se defender, mas O Telegrama tem o dever de relatar os factos e a verdade e nada mais que a verdade.