O Banco Económico (BE) vai mudar de liderança. O presidente da comissão executiva, o gestor Víctor Manuel de Faria Cardoso, decidiu sair um ano depois de assumir o mandato, levando à subida de Jorge Manuel Torres Pereira Ramos como novo presidente-executivo (CEO).
A decisão, até aqui guardada a sete chaves, foi tomada em Assembleia-Geral de Accionistas, na sequência da renúncia de Víctor Cardoso que, entretanto, havia substituído no cargo Carlos Duarte, este que também abandonou a função ao fim de 9 meses em exercício.
Ao contrário de Carlos Duarte que, em entrevista ao Expansão, chegou a informar os mercados financeiros as razões da sua demissão na liderança do banco, alegando “desalinhamento com as questões fundamentais da estratégia para a recuperação do banco”, Víctor Cardoso preferiu sair pela porta dos fundos, sem informar os mercados.
É ponto assente que as motivações estão ligadas ao actual momento do banco, que enfrenta uma situação caótica de tesouraria, com a calculadora a registar enormes prejuízos no sexto ano consecutivo, motivado por riscos de crédito elevados, irregularidades contabilísticas e, de certa forma, uma luta pelo poder desde o tempo em que a instituição financeira estava sob controlo do Grupo Espírito Santo (ex-BES) e de alguns accionistas angolanos considerados PEPs -Pessoas Expostas Politicamente-, como o antigo presidente do conselho de administração da Sonangol e ex-vice-presidente da República, Manuel Domingos Vicente, e os generais Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa” e Leopodino Fragoso do Nascimento “Dino”, antigo chefe da Casa de Segurança do Presidente da República e chefe das comunicações da Presidência, respectivamente.
O futuro do Banco Económico, ex-BESA, permanece numa incógnita, mesmo depois da intervenção do Estado que tomou o controlo da maioria das participações societárias, na sequência do arresto da posição que Vicente, Kopelipa e Dino detinham no banco.
O Banco Nacional de Angola (BNA), governado pelo especialista em estatística Manuel Tiago Dias, foi chamado a intervir para evitar a ruína do sexto maior banco de importância sistémica do país. Houve uma reunião da assembleia-geral de accionistas na primeira quinzena de Julho, entretanto, nada transpirou para fora.
Quem é Jorge Ramos, o novo CEO?
Nos últimos anos, Jorge Ramos ocupou o cargo de administrador executivo do banco. Foi presidente executivo de dois fundos criados pela mesma entidade financeira, as sociedades Económico Fundos de Pensões e a Económico Fundos de Investimentos. Foi, ainda, director-coordenador da Banca de Investimento.
Em mais de 30 anos de experiência no mercado financeiro, o novo CEO construiu a sua carreira no ex-BES, Banco Espírito Santo, onde durante vários anos foi director-central e assessor da Comissão Executiva no BES Investimento.
Neste momento, aguarda-se apenas pela validação do nome de Jorge Ramos pelo regulador bancário, que deve examinar a idoneidade, qualificação profissional, independência e disponibilidade do nome proposto para a presidência da comissão executiva do Banco Económico.