Opinião

A face oculta de Cristina Lourenço

Nelson Francisco Sul

Director

10 Março, 2025 - 09:17

10 Março, 2025 - 09:17

Nelson Francisco Sul

Director

Abrir parênteses: um servidor público é o profissional que ocupa um cargo público, que pode ser por meio de concurso público ou por nomeação, sob um regime jurídico.

Por norma, um servidor público deve agir com ética e decoro, colocar-se à disposição da sociedade e, mais importante, pautar-se pela transparência, esta que consiste na disponibilização de informações abertas e acessíveis sobre as actividades e decisões da instituição.

O conceito de transparência é um elemento que visa fortalecer a confiança dos cidadãos nas suas lideranças e promover uma participação mais activa e informada. Nisto incluímos a disponibilização de um número telefónico, o que promove uma comunicação mais acessível e aberta. Um servidor público que tenha uma conduta avessa quanto a este quesito, sobretudo do mercado financeiro, este desconhece as duas regras básicas que regem o sector: reputação e transparência. Fechar parênteses.

Não sou das pessoas que entende que Cristina Giovanna Dias Lourenço não deva ocupar o cargo de Presidente da Comissão Executiva (PCE) da Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA), em razão do seu pai, João Lourenço, ser o mais alto mandatário do País. Considero como abominável que um parente em primeiro grau seja prejudicado de exercer funções relevantes no sector público/privado pelo facto de seu familiar ser chefe do Poder Executivo.

Entendo que, como angolana e quadro sénior da sociedade gestora de mercados regulamentados, Cristina tem toda prorrogativa de exercer as referidas funções, sendo que, como qualquer gestor público ou privado, o escrutínio dever-se-á cingir nos resultados da sua gestão.

O que não deve acontecer, e custa-me acreditar que a BODIVA esteja a acobertar tal situação, é vermos Cristina com privilégio diferenciado em relação aos demais gestores dos órgãos sociais. É inconcebível que o contacto telefónico do presidente da Mesa da Assembleia Geral, Francisco de Lemos José Maria, da presidente do Conselho de Administração, Valentina Matias de Sousa Filipe, e dos administradores executivos e demais membros dos órgãos sociais estejam à disposição na lista de currículos dos membros dos órgãos sociais (no site da instituição), mas a de Cristina Lourenço continua sendo ocultado. Foi sempre assim.

Ora, se a justificação está na questão de segurança, porque o seu pai é o chefe do Poder Executivo, então, faz todo sentido que, efectivamente, Cristina Lourenço repense se está em condições de assumir funções públicas. Aqui não há voltas a dar. A solução é clara como água.

Parece-me igualmente razoável esperar do Conselho de Administração da BODIVA que tenha uma postura assertiva, à exemplo do que aconteceu aquando da nomeação da presidente interina da Comissão Executiva: Cristina deve portar-se e ser tratada como uma gestora e não como a filha do Presidente.

Mínimos olímpicos precisam-se!

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