Que levante a mão quem nunca mujimbou ou curibotou. Mesmo que diga que estava na roda inocentemente ou que foi mesmo a conversa que o encontrou…
Que levante a mão quem afirma que nestas coisas de fofocas as senhoras é que são mais susceptiveis e os senhores não o fazem…
Ledo engano! Somos sim uma sociedade em que estes fenómenos têm preponderância, pois se trata de formas de comunicação informal que têm ganho espaço em várias latitudes, agora mais ainda devido ao crescimento das redes sociais.
Os rumores são informações não confirmadas que se espalham entre as pessoas e dizem respeito a um facto recente. Podem envolver eventos, pessoas ou situações e geralmente surgem em momentos de incerteza. Já a fofoca tem uma forma mais específica que um rumor e um papel de controlo social informal sendo uma crítica à infracção de regras.
Os dois movem-se no seio da ambiguidade e imprecisão, pode tornar-se tanto uma verdade como uma mentira e crescem no que não é verificado.
“Eu não sei se isso é verdade, mas ouvi dizer que…”
“Não sei se é boato, mas dizem que…”
“Se Portal XYZ publicou é porque tem que ser verdade…”
Mujimbos e Curibotices podem ter efeitos duplos nas comunidades. Por um lado, podem fortalecer laços sociais, criando um senso de pertença e camaradagem. Por outro lado, podem causar desconfiança e divisões, especialmente se as informações forem mal interpretadas ou distorcidas.
Os criadores da Lei Básica do Rumor, Gordon Allport e Leo Postman, referem como alguns princípios dão corpo ao rumor, nomeadamente a simplicidade, relevância emocional, confirmação social, alterações ao longo do tempo, fontes anónimas ou a dificuldade em desmentir. As propagações destas expressões têm interesse temporário e a sua força varia segundo a importância atribuída ao assunto, mas estão intrinsecamente relacionadas ao baixo grau de formalização.
É um facto que nos dias que correm, e com o advento das redes sociais, se pode espalhar falsas informações debaixo da capa do anonimato. Há páginas especializadas em mujimbices e sicários digitais que ninguém sabe quem são. Mas somos também o povo que adora uma conversinha em terreno movediço, entre a mentira e a verdade, entre o inventado e o verídico, entre o virtual e o real.
Quem valida a informação antes de reencaminhar? Quem averigua a veracidade da conversa sobre a vizinha que só pode andar com um papoite porque comprou um carro novo do dia para a noite? Ou quem escuta com atenção o que lhe é dito e gasta tempo a pensar em vez de agir?
Desengane-se estimado leitor, não há diferenças entre homens e mulheres na mujimbice e curibotice, pois somos seres sociais e ao fim do dia apenas queremos ser aceites…
Mas a responsabilidade para não perpetuar injustiças cabe a cada um de nós.