Acredito que, para muitos de nós, a passada terça-feira ficou envolta num sentimento de incredibilidade.
Terminava a minha corrida matinal e estava feliz, porque, finalmente, comecei a baixar o meu tempo, quando recebo uma ligação de um amigo e companheiro nas lides da cidadania activa que me questionava:
-Já sabes? O Ismael Mateus faleceu num acidente de viação…
-Desculpa, isto é sério? – respondi-lhe, após um silêncio que me custa descrever.
O “isto é sério” ecoa nos nossos pensamentos até agora…
O Ismael, assim como o saudoso Gustavo Costa inspiraram-me a escrever pela acutilância da sua escrita, mas, acima de tudo, pelo modo como emitiam as suas opiniões.
Gostássemos ou não, o Ismael tinha sempre uma opinião e defendia os seus pontos de vista, fazendo jus à velha máxima” na vida não se agrada a todos”.
Foi, pelo seu percurso profissional, um pioneiro com a criação do Sindicato dos Jornalistas, mas, de igual modo, um professor sempre disposto a partilhar o seu conhecimento.
Todos que tiveram a oportunidade de trabalhar ou mesmo de conversar com ele sabem o quão didáctico era. Exigente, por vezes, porque sabia que nós sempre podemos fazer melhor.
Homem de palavra, era também um homem de cultura, que o diga o Yuri Simão que sentirá falta da sua presença no “Show do Mês”.
Ismael, não era para ser assim, porque deixas um vazio, porque a tua cidadania activa inspirava e porque talvez a liberdade é poder ser-se quem se é independentemente da religião, partido ou profissão.
A morte parece sempre injusta para quem fica, mas acredito que, para cada um de nós, a quem de algum modo tocaste, resta-nos o saber, ou a certeza de que deixas um legado e que serás sempre recordado como alguém de convicções fortes e sem receio de exprimir as suas opiniões.
Até sempre!