O facto mais marcante dos primeiros 100 dias do Dr. Massano como MECE foi a conferência de imprensa em que anunciou a crise e as medidas da sua mitigação.
Portanto falemos do único facto visível, sem com isto negar que possam existir outras intervenções nos bastidores:
Não explicou a origem da crise. Se houve um superavit orçamental de 4,1 biliões entre Janeiro de 2022 e Março de 2023 e o stock de dívida governamental, sem efeito cambial, estagnou, porque ficou o Estado sem dinheiro? É verdade que a dívida pública externa, de que temos dados até Junho, se reduziu em cerca de mil milhões de USD, o que pode ter algum peso, mas nada que não pudesse ser resolvido com um excedente orçamental de cerca de 8 mil milhões de USD ao câmbio de 507,720, observado a 11 de Maio.
Esteve bem o Dr. Massano quando anunciou o corte nas despesas supérfluas do Estado, nomeadamente nos luxos dos quadros superiores da administração pública. Também esteve bem quando anunciou a redução dos investimentos não essenciais, mas aqui faltou uma explicação mais detalhada e, sobretudo, o reconhecimento de que não faz qualquer sentido fazer investimentos sem aumentar a despesa corrente quando é evidente que o que temos não funciona por falta de médicos, seringas, carteiras, asfalto, plástico para os documentos, etc. Sabemos que a produtividade é baixa e o desperdício enorme, mas não é algo que se resolva aumentando as coisas que ficarão sem funcionar e a deteriorar-se! É urgente avaliar bem todos os investimentos e a capacidade de os podermos pôr a funcionar e manter. Ainda neste particular, cremos que o MECE esteve mal quando permitiu que se anunciasse, simultaneamente, um investimento absurdo para a cidade aeroportuária.
Leia o artigo na íntegra na edição n.º 1 da revista O Telegrama, de 13 de Outubro de 2023, em papel.