Opinião

Starlink e Angosat, entre promessas e realidades

Gerson Paulo

Engenheiro

19 Outubro, 2024 - 14:11

19 Outubro, 2024 - 14:11

Gerson Paulo

Engenheiro

Em pleno século XXI, a conectividade é essencial para o desenvolvimento. Em Angola, onde muitas regiões rurais carecem de cobertura de internet, dois grandes projectos emergem como soluções: o Angosat, satélite de telecomunicações nacional, e a chegada da Starlink, rede global de internet por satélite. Mas, entre promessas e desafios, qual está realmente preparado para trazer a revolução digital?

O Angosat foi lançado com grandes expectativas de posicionar Angola na vanguarda das telecomunicações africanas. Contudo, após o fracasso do Angosat-1 em um2017 e o lançamento do Angosat-2 em 2022, os desafios permanecem. A sua capacidade de atender à vasta demanda de conectividade continua incerta, enquanto os custos elevados levantam questões sobre a sua sustentabilidade a longo prazo.

Este tipo de infraestrutura complexa, com problemas técnicos e elevados investimentos, revela-se insuficiente para resolver a lacuna digital de forma rápida e inclusiva.

Em contraste, a Starlink oferece uma nova dinâmica. Através de satélites de órbita baixa (LEO), a Starlink já cobre regiões remotas com internet de alta velocidade, sem necessidade de infraestrutura terrestre complexa. Com uma rede que já conta com mais de 2.000 satélites em órbita e velocidades de até 150 Mbps, a Starlink posiciona-se como uma alternativa mais acessível e flexível, apresentando-se, ainda, com a mais resiliente a falhas e capaz de ajustar-se às necessidades, o que a torna uma solução prática para as zonas rurais de Angola, onde a infraestrutura de telecomunicações tradicional é limitada.

O caminho a seguir…

Não é necessário um confronto entre Angosat e Starlink. Colaborações estratégicas, como as que já estão a ser exploradas em países como o Canadá, podem permitir que ambas as tecnologias coexistam e se complementem. O Angosat poderia focar-se em mercados estratégicos, enquanto Starlink assegura uma conectividade acessível e abrangente para a população em geral.

O Brasil, por exemplo, ao usar Starlink para conectar escolas remotas na Amazónia, e a Nova Zelândia, que integrou a rede para garantir conectividade em áreas rurais, são exemplos de como esta tecnologia pode transformar realidades locais e impulsionar o desenvolvimento.

Entendo, por isso, que a entrada da Starlink e o investimento no Angosat colocam Angola numa encruzilhada tecnológica. Em vez de escolher entre uma solução ou outra, a colaboração entre ambos pode maximizar os benefícios e garantir uma verdadeira inclusão digital.

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